Sopa desidratada conhecida no Brasil como miojo foi inventada em 1958 e já foi consumida até no espaço.
omofuku Ando ajudou o Japão a mudar sua forma de se alimentar, ao inventar, em pleno pós-guerra, uma sopa instantânea de frango e macarrão que era preparada com a mera adição de um pouco de água quente.
“Eu estava caminhando quando vi uma fila de pessoas com cerca de 30 metros na frente de um posto de (distribuição de) comida”, escreveu o empresário em sua autobiografia intitulada “A História da Invenção do lamen Instantâneo”.
“As pessoas, vestidas com trapos, tremiam de frio enquanto esperavam sua vez. Soube que elas estavam na fila para conseguir uma tigela de lamen”, referindo-se à tradicional sopa japonesa.
Ando decidiu que havia mercado para uma sopa com macarrão que fosse de sabor acentuado, barata e muito simples de preparar.
Obcecado com a ideia, ele testou diferentes fórmulas – com uma máquina de fazer macarrão usada e uma panela wok gigante – e perdeu muitas noites de sono até que, em 1958, conseguiu criar um novo alimento que se popularizou e foi incorporado ao cotidiano culinário de seu país.
A sopa com macarrão se tornou popularmente conhecida no Japão como “lamen mágico”, e mais tarde no Brasil como miojo – nome da marca subsidiária da Nissim no país.
A intenção não era inventar uma receita inovadora misturando ingredientes improváveis, mas sim um macarrão seco, que pudesse ser embalado e reidratado em 3 minutos com água quente. E, meio século depois, sua invenção continua sendo vendida pelo mundo, ainda que muita gente torça o nariz para o sabor.
Dois anos na prisão
Mas o histórico empresarial de Ando teve diversos percalços. A invenção do macarrão instantâneo, que o deixou famoso e milionário aos 48 anos, foi precedida de uma longa lista de fracassos comerciais.
Seus pais morreram quando ele ainda era criança. Criado pelos avós, Ando tentou alavancar serviços de venda de sal, de projetores audiovisuais e de casas pré-fabricadas. Nada disso deu certo.
Em 1948, ele foi preso por evasão fiscal e passou dois anos na cadeia. Em sua autobiografia, ele nega a acusação e diz que virou alvo da Justiça por ter concedido bolsas de estudo a estudantes, algo que naquela época era considerado um mecanismo para sonegar impostos.
Quando foi libertado, encontrou-se sem dinheiro, sendo obrigado a recomeçar do zero a vida empresarial. Era a década de 1950 e, para a sorte de Ando, o Japão também estava se reerguendo após a devastação da Segunda Guerra Mundial.