O estudo verifica que quase 65% da população empobreceu em 2019, uma alta de 14 pontos percentuais sobre os 51% registrados no ano anterior. Para 2020, os prognósticos são ainda piores, em razão da pandemia do novo coronavírus.
A doença cresceu 18% no país em apenas seis dias. Neste momento, a Venezuela soma 12.774 casos e 120 mortes decorrentes da Covid-19.
O estudo classifica que a situação encontrada pelos pesquisadores nos lares venezuelanos é de uma “pobreza multidimensional”, em que os moradores sofrem com insuficiências na renda, educação e serviços públicos.
Dolarização
Até o mês de maio deste ano, a inflação acumulada na Venezuela era de 3.684%, segundo dados do Parlamento do país, considerado o acúmulo de um ano.
No primeiro semestre deste ano, a inflação fechou em 508%, segundo o orgão. Com a hiperinflação, a moeda local, o bolívar soberano ficou ainda mais desvalorizado. Nesta quarta-feira (22), US$ 1 custava quase 246 mil bolívares. O salário mínimo, atualmente, é o equivalente a menos de US$ 2.
Dólares se tornam moeda principal entre as poucas famílias de alta renda na Venezuela, que vão reduzindo uso dos bolívares.
Seguno o Índice Nacional de Preços para o Consumidor, da Assembleia Nacional, para um venezuelano comprar um par de sapatos, ele teria que desembolsar 12,6 salários mínimos. Para um quilo de queijo, dois salários mínimos.
A alta do dólar fez com que a moeda venezuelana praticamente sumisse e fosse parcialmente substituída pela americana, processo que os economistas chamam de “dolarização da economia”. Os estabelecimentos comerciais, como padarias, restaurantes e hotéis, preferem receber em dólares.
Assista e leia também:
Com a dolarização, o país foi dividido em dois, uma vez que o acesso à moeda americana é privilégio de uma pequena parcela dos moradores de Caracas. A CNN esteve na capital venezuelana e constatou as dificuldades enfrentadas pela maior parte da população para conseguir dólares.
O mesmo acontece nos comércios. Muitos proprietários aceitam receber em dólar, mas não dispõem de dinheiro suficiente para devolver um eventual troco na moeda americana, dificultando a conclusão das transações.
Em outros áreas mais nobres da capital venezuelana, itens de luxo e mercadorias importadas são vendidas a preço de dólar nos hotéis mais caros. Só empresários, políticos e turistas conseguem ter acesso aos produtos. Nos bairros mais pobres, onde o dólar não chega, os moradores ainda sobrevivem dos desvalorizados bolívares