“La dieta de Maduro te pone duro”. A frase cômica dita pelo presidente da República em setembro do ano passado, quando este zombou da magreza de um membro do Partido Socialista Unido da Venezuela, não desperta hoje nenhum tom humorístico para o resto da população do país.
Em meio a uma grave crise econômica, com inflação na casa dos três dígitos, a fome vem flagelando severamente os venezuelanos. Segundo a Encovi, instituição que verifica as condições de vida no país, em média, os venezuelanos perderam 8,7kg de seu peso, de modo descontrolado só no último ano.
Animais domésticos e selvagens estão sendo consumidos pela população para sobreviver
Para fugir do drama da fome, a população vem se alimentando de qualquer tipo de animal: cachorros, gatos, lagartos, burros, tamanduás e até flamingos, que são protegidos por lei, para sobreviver. Não raro, se encontra carcaças desses animais no lixo da cidade.
“Às vezes, a gente só encontra cabeças, vísceras e as pernas do animal.
Estamos habituados a ver um pouco disso no passado, mas agora esta prática está fora de controle e em ascensão”, declarou Robert Linares, trabalhador da eliminação de resíduos, ao jornal Miami Herald.
A falta de alimento ganhou o nome de ‘Dieta Maduro’. Nas palavras de Doris Rubio, CEO da Associação de Proteção dos Animais, encontra-se uma síntese sobre o sofrimento da população subjugada à famigerada dieta: “Nós achamos essas mortes grotescas, mas como podemos ser críticos de alguém que caça um pombo, um cão, um gato ou qualquer outro animal, porque ele ou ela está com fome? As pessoas costumavam caçar lagartos por esporte. Agora eles fazem isso por necessidade. ”
Crise no país dificulta importação de alimentos
O colapso da economia do País tem dificultado a importação de bens básicos, tais como alimentos e medicamentos, criando escassez em todo o país. Diante da falta de recursos, a população vem saqueando supermercados em busca desesperada por comida.
Além do opróbrio vivido pela população, ainda existem os riscos de se consumir animais selvagens impróprios para o consumo humano, onde a ingestão de bactérias provindos destes animais são perigos à saúde humana.