Avanços são celebrados no Dia de Combate ao Escalpelamento.

Assista o video um documentário sobre o assunto.

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Nesta terça-feira (28) foi comemorado o Dia Nacional de Combate ao Escalpelamento, data que pode ser celebrada pelos avanços no que diz respeito à prevenção ao acidente, quando mulheres têm os cabelos arrancados pelo eixo do motor do barco. Para discutir sobre o assunto, a Secretaria de Estado de Saúde Pública realiza nesta terça (28) e quarta-feira (29), um seminário chamado de “pacto de combate ao escalpelamento no Pará”.

A data foi criada em 2010, mas desde 2005 a Defensoria Pública da União (DPU) atua na prevenção e na assistência às vítimas, que em sua maioria são de regiões ribeirinhas do Pará e do Amapá, com um projeto de erradicação do problema e tratamento das vítimas, envolvendo o Instituto Ivo Pitanguy e governos locais.

A DPU, junto com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e governos locais, organiza mutirões de cirurgias reparadoras. Cerca de 80% das vítimas cadastradas até 2010 já foram operadas nas ações. O último mutirão foi feito entre 17 e 19 de agosto no Amapá e atendeu 56 pessoas.

Mas é na parte preventiva que a DPU tem focado seu trabalho. A instituição trabalha para a criação de uma linha de crédito com o objetivo de modernizar a frota de barcos da população de baixa renda da região Norte. Com motores mais modernos, os acidentes podem ser evitados. Hoje, a Marinha já faz um trabalho de cobrir o eixo do motor de alguns barcos, o que diminuiu os casos de escalpelamento. Estima-se que tenha ocorrido uma redução de 75% no número de acidentes.

“A prevenção é o melhor remédio, mas ainda há uma dificuldade muito grande da própria população ribeirinha entender a necessidade de colocar a proteção do eixo. O ribeirinho só vai estar realmente protegido quando a gente conseguir alcançar um número de quase 100% de cobertura de eixos nos nosso rios”, afirma Socorro Silva, coordenadora de Mobilização Social da Secretária de Estado de Saúde Pública.

Socorro conta ainda que existe um grande problema cultural por trás dos acidentes. “A marinha coloca o eixo e tem alguns barqueiros que retiram. Mas o nosso maior problema é a ‘febre’ dos barquinhos nos rios da Amazônia, que é como a ‘febre’ das motos nas grandes cidades”, explica a coordenadora do programa estadual.

Além dos mutirões de cirurgia e o trabalho de prevenção, a DPU também ajuda as vítimas a buscarem seus direitos, como o DPEM, Seguro Obrigatório de Embarcações, que é dado para quem sofre acidentes em embarcações. Já foram efetuados os pagamentos de indenizações de mais de 60% das assistidas pela Defensoria.

Josielma Silva sofreu o acidente há 5 anos em Melgaço, na Ilha do Marajó. Na época tinha 12 anos e nunca havia cortado os cabelos. “No começo foi difícil, mas depois a peruca ajuda”, afirma a jovem, que passa temporada no Espaço Acolher, em Belém, para fazer tratamento.

O acidente aconteceu quando Josielma era muito jovem. Para atingir este público, a Sespa planeja implantar uma disciplina na grade curricular dos alunos das escolas públicas. “Os municípios tem que trabalhar a prevenção, a partir do próximo ano estamos trabalhando para que o escalpelamento faça parte da grade curricular da Seduc como uma matéria transversal”, explica Socorro Silva.

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