O advogado de defesa de Francisco Costa Rocha, conhecido como Chico Picadinho, de 70 anos, aguarda há dois anos o resultado de um recurso para colocar o cliente em liberdade. Ele está preso há mais de 35 em virtude de uma decisão judicial. Chico Picadinho foi condenado a mais de 20 de prisão por matar e esquartejar duas mulheres, nos anos de 1966 e 1976.
Em 1998, o Ministério Público pediu a interdição dele, que seguiu detido por causa de um critério médico. De acordo com o MP, ele não teria condições mentais de voltar às ruas ou de ter vida cível. Chico Picadinho está preso na Casa de Custódia de Taubaté desde 1994.
Apesar do Código Penal prever que ninguém deva ficar mais de 30 anos preso, o caso de Chico Picadinho é considerado uma exceção. Por isso, ele poderá ficar detido por prazo indeterminado, já que está interditado judicialmente.
Na última tentativa de sair de trás das grades, em junho de 2010, Chico foi submetido a exames no Instituto de Medicina Social e Criminologia do Estado de São Paulo (Imesc), onde respondeu a uma série de quesitos apresentados tanto pela defesa dele quanto pelo Ministério Público e foi avaliado por profissionais do Imesc.
O exame feito tentou dissipar de uma vez por todas as dúvidas a respeito da recuperação ou não do paciente, que até então vinha se submetendo a exames anuais apenas por especialistas da região. Em setembro do mesmo ano, a Justiça de Taubaté julgou improcedente o pedido de levantamento da interdição dele. A defesa recorreu da sentença e aguarda o resultado. O caso corre em segredo de justiça.
“Todos os laudos realizados confirmaram que o interditado não possui condições de gerir a sua vida civil sem representar ameaça à sociedade, haja vista as características de transtorno mental descritas nos laudos. Portanto, não se pode ter certeza de que não voltará a apresentar o quadro que motivou a sua interdição e a cometer os crimes noticiados. Ao contrário, as perícias levam a crer, em virtude da indiferença dele pelas vítimas, da permanência da anomalia patológica”, disse o juiz na sentença publicada há dois anos.
O advogado de defesa de Chico Picadinho, Dr. Eduardo Kenji Shibata, foi ouvido por telefone, e confirmou o desejo do cliente em deixar a prisão. “Ele manifesta sempre essa vontade e acredito que ele tem condição de se reintegrar perfeitamento na vida em sociedade. Minha preocupação é que ele tenha condições de sobreviver ao sair da cadeia. Que ele tenha um amparo dentro da sociedade.
Um advogado da capital que acompanha Chico Picadinho se colocou à disposição para ajudá-lo. “Essa pessoa ajudaria a comercializar as obras de arte dele fora da prisão e isso daria condições para ele sobreviver nesse segmento”, afirmou. Chico pinta quadros desde quando chegou à Casa de Custódia.
Casa de Custódia de Taubaté, onde Chico Picadinho está
preso
Histórico
O primeiro crime de Chico Picadinho ocorreu em agosto de 1966, em um apartamento da Rua Aurora, no Centro de São Paulo. Naquele dia, a bailarina austríaca Margareth Suida, de 38 anos, foi estrangulada e seu corpo retalhado em vários pedaços. Ao ser interrogado, ele descreveu, com detalhes, como esquartejou a vítima utilizando tesoura, faca e lâmina de barbear. Questionado sobre a motivação do crime, Chico disse que a bailarina lembrava sua mãe. Por esse crime, foi condenado a 20 anos e meio de prisão.
Em junho de 1974, teve a liberdade condicional concedida pela Justiça, mas em outubro de 1976, em um apartamento na Avenida Rio Branco, também no Centro, matou Ângela de Souza da Silva e retalhou o corpo da mulher, com serrote, faca e um canivete.
Os membros foram acondicionados em uma mala de viagem e algumas partes que não couberam foram jogados no vaso sanitário do banheiro do apartamento. Chico fugiu de São Paulo, mas foi encontrado e preso em Caxias, no Rio de Janeiro.