MALLORCA – O sacerdote Pere Barceló Rigo, de 60 anos, foi o primeiro espanhol a sofrer a máxima pena eclesial: a proibição total do exercício do sacerdócio e expulsão da Igreja Católica. O antigo padre de Can Picafort e vigário da cidade de Pollença, em Mallorca, estava afastado de suas funções por uma medida cautelar desde 2011. Nesta quinta-feira, ele foi considerado culpado pelo Tribunal Eclesiástico por ter abusado sexualmente de três mulheres na década de 90, quando elas eram menores de idade.
“Sendo gravíssimos os delitos cometidos, se impõe a pena máxima de expulsão do estado clerical, sendo proibido completamente o exercício do ministério sacerdotal. As atas do processo serão enviadas a Roma para a ratificação da sentença emitida na primeira instância”, declarou o Tribunal em um comunicado.
Uma das vítimas detalhou que foi violentada em múltiplas ocasiões ao longo de dois anos, quando tinha 10 e 11 anos. Outras duas mulheres também prestaram queixas contra o religioso. Em paralelo ao julgamento eclesiástico, ele também foi denunciado criminalmente. O processo está sob investigação.
O jornalista Mateu Ferrer, antigo catequista na área turística de Can Picafort, testemunhou ter visto, em 1998, o padre ajoelhado próximo a um sofá com uma menor de idade seminua. Ferrer assegura que comunicou imediatamente ao bispo a cena que presenciou, mas foi pressionado a calar-se e a retirar o seu relato.
É o primeiro caso no país em que a Igreja aplica a regra chamada de “tolerância zero”, imposta pelo Papa Bento XVI para atacar os escândalos de pedofilia. O Papa Emérito havia ordenado a todos os bispos que investigassem as denúncias contra sacerdotes por abusos sexuais a menores, e que paralelamente à justiça tradicional, eles deveriam ser julgados pelo direito canônico, próprio da Igreja. Agora o ex-sacerdote dispõe de 15 dias para apelar contra a sentença, e deve fazê-lo diretamente no Vaticano, diante da Congregação para a Doutrina da Fé.