Bolsa tem queda de 1,87%; dólar cai a R$ 2,001 após ação do BC.

Real-x-Dolar O dólar comercial encerrou a sessão desta segunda-feira em forte queda frente ao real, na menor cotação em quase sete meses, após o Banco Central realizar um leilão para rolar US$ 1,85 bilhão em contratos de swap cambial, que venceriam em 1º de fevereiro. A operação equivale a uma venda moeda americana no mercado futuro. Os novos contratos vencerão em 1º de março e todo o lote de 37 mil papéis foi vendido. O BC não fazia leilões de swap cambial desde dezembro. Após o anúncio do leilão, pela manhã, o dólar comercial que, estava em alta, passou a se desvalorizar e fechou negociado a R$ 1,999 na compra e R$ 2,001 na venda, uma queda de 1,33%. É a menor cotação da moeda americana desde o dia 2 de julho do ano passado, quando a divisa fechou a R$ 1,98. Percentualmente, é a maior queda diária do dólar desde 26 de dezembro de 2012. Na máxima do dia, o dólar foi negociado a R$ 2,037 e na mínima a R$ 2,001.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda expressiva nesta segunda-feira e chegou a ficar abaixo do patamar dos 60 mil pontos. O índice se desvalorizou 1,87% aos 60.027 pontos e volume negociado de R$ 7,4 bilhões. É a maior queda desde 4 de novembro de 2012, quando o índice registrou baixa de 2,10%.

Havia expectativa no mercado que o BC não fosse rolar esses contratos, o que poderia fazer a moeda americana voltar a se valorizar frente ao real. A rolagem, que reduz a procura dos bancos pela divisa americana, reforça a avaliação dos especialistas de que o BC quer um dólar mais baixo para reduzir a pressão sobre a inflação.

– Ao fazer a rolagem dos contratos que venceriam em fevereiro, o BC sinalizou que vai usar o câmbio como instrumento de combate à inflação. A expectativa era de que esses contratros não fossem rolados. O mercado reagiu imediatamente após o anúncio, vendendo dólares. Agora, os bancos devem reforçar suas posições vendidas em moeda americana – diz o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Em novembro do ano passado, quando o dólar comercial chegou a bater em R$ 2,10, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o câmbio estava numa posição “razoável”, mas ainda não satisfatória. Segundo o ministro, o dólar mais forte frente ao real era uma forma de ajudar a indústria brasileira a ficar mais competitiva. À época, o ministro explicou que o governo estava praticando uma política monetária onde o controle da inflação se dava com o juro mais baixo e não com o câmbio.

“É uma política monetária mais eficiente, que controla e inflação com taxas menores de juros”, disse Mantega.

Também em dezembro, chegou a circular no mercado um relatório atribuído à consultoria internacional Medley Global Advisors que afirmava que o objetivo do governo brasileiro seria conduzir o dólar ao patamar de R$ 2,30. O resultado colocou mais pressão sobre a moeda americana.

Mas, no fim do ano, com a pressão sobre a inflação e o aumento da procura por dólares, o governo mudou o discurso e afrouxou as medidas regulatórias no mercado de câmbio, que freavam a entrada de moeda americana no Brasil. Em dezembro, o governo reduziu de dois para um ano o prazo dos empréstimos externos sujeitos à cobrança de 6% de IOF. Também ampliou de um para cinco anos o prazo para antecipação de receitas de exportação, operações que não são sujeitas a tributação do IOF.

O BC também fez em dezembro alguns leilões de linha, um tipo de operação que equivale à venda de dólares conjugada com recompra feita diretamente pelo Banco Central aos bancos com o objetivo de que repassem os recursos a seus clientes neste período de maior demanda. Esses leilões tiveram pouco impacto sobre a cotação, mas ajudaram a suprir a procura pela moeda americana num momento de baixa liquidez.

Além disso, o BC fez dois leilões de swap cambial no dia 26 de dezembro. No total, os dois leilões movimentaram US$ 1,8 bilhão. Com isso, a moeda americana, que estava flutuando entre R$ 2,05 e R$ 2,10, uma banda informal mantida pelo governo, segundo analistas de mercado, mudou de patamar. Passou a flutuar entre R$ 2,00 e R$ 2,05.

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, disse, após o afrouxamento das medidas, que havia “um pouco de gordura” na taxa de câmbio no momento.

– A rolagem de contratos de swap cambial feita hoje mostra que a palavra do Aldo Mendes é que está valendo. Apesar do volume da operação não ser tão expressivo, a rolagem veio de encontro ao que o mercado esperava e por isso o dólar cedeu tanto – explica João Medeiro, sócio da corretora Pionner e especialista em câmbio.

dólar x realIbovespa perdeu suportes importantes nesta segunda, dizem analistas

Ações de bancos pesaram sobre o índice, após o resultado mais fraco do que o esperado pelo Bradesco. Mas os papéis da Vale e da Petrobras também influenciaram negativamente o Ibovespa. Analistas afirmam que ao perder o patamar de 61 mil pontos , um suporte importante, muitos investidores intensificaram a venda de seus papéis. As ações da Vale, por exemplo, uma das mais negociadas, têm o maior giro financeiro do pregão, movimentando R$ 497 milhões. E não houve nenhuma notícia positiva capaz de reverter o movimento. O relatório Focus, por exemplo, mostrou recuo nas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A projeção é de 3,10% ante os 3,19% da semana passada. A expectativa de inflação, medida pelo IPCA, passou de 5,65% para 5,67%.

– O Ibovespa se descolou dos pregões internacionais. Não houve nenhuma razão específica, mas acredito que ao perder o suporte de 61.000 pontos, o mercado desencadeou um onda de vendas. Todos os setores tiveram quedas e as perdas foram generalizadas – explica o analista Rogério Oliveira, da Icap Brasil.

Entre as as ações com mais peso no índice, Vale PNA (sem direito a voto) caiu 2,43% a R$ 37,50; Petrobras PN perdeu 1,22% a R$ 19,35; OGX Petróleo ON (com direito a voto) se desvalorizou 3,11% a R$ 4,66; Itaú Unibanco PN caiu 2,79% a R$ 34,79 e Bradesco PN perdeu 3,15% a R$ 36,59. Os papéis ON do Banco do Brasil tiveram baixa de 2,55%, a R$ 24,79. O Bradesco anunciou um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões no quarto trimestre, alta de 6,1% sobre o mesmo período do ano anterior. No ano, o Bradesco lucrou R$ 11,38 bilhões.

De acordo com a corretora Planner, o resultado do Bradesco veio abaixo da previsão do mercado. A Planner informa que a queda na margem financeira, de 7,4% no terceiro trimestre do ano passado para 7,3% no último trimestre do ano, impactou no resultado do banco. Além disso, o Bradesco, segundo a Planner, manteve o índice de inadimplência em 4,1%, enquanto o mercado esperava queda para abaixo dos 4%. O banco também teve o resultado impactado pelo aumento trimestral nas despesas de pessoal e administrativas, com crescimento de 3%, somando R$ 6,897 bilhões, segundo a corretora.

A Planner destaca como positivo o aumento da receita com prestação de serviços, queda trimestral na provisão para crédito duvidoso e melhora no índice de eficiência operacional e melhor resultado operacional de seguros. A queda dos papéis do Bradesco tem impacto negativo sobre as ações dos demais bancos.

Um relatório do banco J.P. Morgan, que revisou para baixo a previsão de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para a Petrobras em 2013, teve impacto negativo sobre as ações da empresa. A previsão do J.P. Morgan é que o Ebitda caía de R$ 36,998 bilhões para R$ 33,409 bilhões. O ajuste, segundo o relatório, se deve aos atrasos na expansão da capacidade de refino da companhia, à forte demanda doméstica por derivados de petróleo, que tem sido atendida via importação, e à falta de uma política clara de preços de combustíveis, que prejudica a capacidade de investimentos da empresa.

No relatório assinado pelos analistas Caio Carvalhal e Felipe Dos Santos, eles ressaltam que a preocupação do governo em mantér a inflação dentro da meta e em acelerar o crescimento do PIB podem atrapalhar um possível reajuste dos preços dos combustíveis.

As ações ON da B2W Varejo perderam 5,24% a R$ 15,37, a segunda maior queda do pregão, após a decisão da empresa, maior site de comércio eletrônico do Brasil, controladora dos sites Americanas.com e Submarino, de romper a parceria com o Buscapé.

A maior baixa foi das ações ON da Fibria, com desvalorização de 5,92% a R$ 24,65.

Nos Estados Unidos, por volta de 18h18m, o S&P 500 perdia 0,03%; o Dow Jones se valorizava 0,05% e o Nasdaq tinha alta de 0,31%. Novos indicadores econômicos foram divulgados nos EUA. O índice que mede a atividade industrial do meio-oeste subiu 0,7% em dezembro na comparação mensal, informou nesta segunda-feira o Federal Reserve de Chicago. O índice subiu para 94,7 pontos no mês passado, após avançar 2% em novembro. Já as encomendas por bens duráveis subiram 4,6% em dezembro, para US$ 230,7 bilhões, de acordo com o Departamento do Comércio. Foi a sétima alta em oito meses. Economistas previam aumento de 2% em dezembro.

Na Europa, as principais Bolsas fecharam sem direção definida. Enquanto o índice Ibex, da Bolsa de Madri, recuou 0,60% e o Dax, do pregão de Frankfurt, perdeu 0,32%; o índice Cac, da Bolsa de Paris, subiu 0,07% e o FTSE, do pregão de Londres, se valorizou 0,16%.

Na China, o índice Shanghai Composite subiu 2,4% nesta segunda. O lucro das indústrias no país subiu 17,3% em dezembro, na comparação anual. Esse é o quarto mês consecutivo de ganhos: em novembro a alta foi de 22,8% e em outubro de 20,5%.

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