‘Foram os piores dias da minha vida’, diz garota que ficou retida nos EUA.

garotaA estudante brasileira de 16 anos que ficou quase dois meses retida em um abrigo para adolescentes em Miami, nos Estados Unidos, chegou na manhã desta quinta-feira (24) a São Paulo. Ela desembarcou por volta das 8h no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana.

Os motivos que levaram as autoridades norte-americanas a demorar a enviá-la de volta ao Brasil não foram esclarecidos à família. A jovem contou que viajou para visitar a Disney e a imigração americana a acusou de estar indo trabalhar no país. O Itamaraty disse que segue em contato com as autoridades americanas para evitar que incidentes semelhantes voltem a acontecer.

“Foram os piores dias da minha vida”, disse a garota logo depois de ser acolhida por familiares e amigos no saguão do aeroporto. A família afirma que ela ganhou de aniversário de uma tia-avó, que mora nos Estados Unidos, as passagens para visitar a Disney. Ela ficaria hospedada na casa da parente.

No entanto, ao chegar ao aeroporto norte-americano em 27 de novembro, as autoridades perguntaram se ela tinha ido trabalhar no país. “Eles me acusavam de ir até lá a trabalho.” Diante do impasse na imigração, a adolescente disse ter pedido para voltar, mas, ainda assim, foi orientada a esperar.
Adolescente foi recebida pela mãe ao chegar em Cumbica (Foto: Letícia Macedo/G1)Adolescente foi recebida pela mãe ao chegar.
Após dez horas no aeroporto, ela foi levada para um abrigo. “Disseram que eu tinha que esperar nesse lugar onde eu estava um tempo até eles resolverem a minha situação e que, depois de um tempo, eu voltaria para o Brasil”.

Durante o período que passou abrigada, ela acordava cedo e passava o dia em uma escola, onde tinha cursos de inglês e espanhol. A garota contou que conviveu nesse período com adolescentes de várias nacionalidades, como guatemaltecos e hondurenhos, que haviam entrado nos Estados Unidos de maneira irregular.

Ela mantinha contato telefônico com a mãe, Alexsandra da Silva, de 36 anos, uma vez por semana e por apenas cinco minutos. “Eu chorava todos os dias, porque eu queria falar com a minha mãe, mas não era possível”, afirmou. Durante esse período, ela teve contato com funcionários do consulado brasileiro. “Eles disseram que não podiam me ajudar em nada, mas que estavam ali para me proteger”.

A garota soube na véspera do embarque para São Paulo que a audiência com a Justiça, prevista inicialmente para 31 de janeiro, havia sido suspensa e que ela deixaria os Estados Unidos. Após todo o transtorno, ela disse não ter mais vontade de visitar os Estados Unidos. “Depois disso eu criei uma fobia. Não quero mais.”

O governo americano e as autoridades brasileiras não dão detalhes do caso. Disseram que se trata de uma menor de idade e que sua privacidade deve ser respeitada.

“Não é um caso comum. A solução nesse caso quem deveria dar era a autoridade norte-americana. Por uma questão do direito internacional, os Estados Unidos são um país soberano e são eles que aplicam suas leis em seu território. Se houver qualquer celeridade, não foi por falta de esforços do Itamaraty”, afirmou Luis Fernando Cardoso de Almeida, segundo secretario do escritório do Itamaraty em São Paulo, durante a chegada da garota nesta quinta-feira.

Segundo ele, a diplomacia brasileira contratou um advogado, ajudou a resolver os impasses relacionados à documentação da garota e disse ter conseguido antecipar a volta dela. O Itamaraty recomenda se informar sobre as exigências que cada país faz para receber visitantes brasileiros.

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